SANTA CATARINA – Ministério Público denuncia homem que atacou creche e ação penal requer punição exemplar por considerar que crime foi praticado de forma vil e covarde
Um crime vil e cruel praticado por motivo torpe, contra crianças menores de dois anos e educadoras que não tiveram a mínima chance de se defender, vítimas de um homem covarde que planejou as mortes durante 10 meses. O autor do ataque à creche Aquarela, de Saudades, foi denunciado, em uma ação penal pública, por 19 homicídios triplamente qualificados, sendo cinco homicídios consumados e 14 tentados.
A denúncia foi detalhada esta tarde em uma entrevista coletiva transmitida diretamente de Pinhalzinho, município sede da Comarca que abrange Saudades, pelos Promotores de Justiça Douglas Dellazari, responsável pelo caso, e Júlio Locatelli, designado para colaborar no inquérito. O Procurador-Geral de Justiça, Fernando da Silva Comin, e o Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Alexandre Estefani, também participaram da coletiva.(Acesse as fotos da coletiva, disponíveis para a publicação, aqui)
Segundo os Promotores de Justiça, a partir das investigações da Polícia Civil e do Ministério Público, que envolveram, inclusive, a quebra do sigilo de dados do computador do denunciado e de seu celular, ficou claro que o crime foi planejado por pelo menos 10 meses e a única motivação do autor foi a busca de fama.
Os relatórios dos dados e das informações obtidas pela quebra do sigilo dos aparelhos eletrônicos demonstram que, durante o período em que planejou o ataque, o homem participou de fóruns de discussão na internet sobre crimes violentos, pesquisou serial killers e tentou comprar armas de fogo.
Segundo Dellazari, o autor do ataque à creche pesquisou sobre a volta às aulas presenciais no município de Saudades e sobre a creche Aquarela, procurando o alvo mais fácil para executar o seu plano, pois ele não conseguiu comprar armas de fogo, apenas facas. Para os Promotores, isso comprova que ele agiu de forma cruel e covarde além de ter premeditado o crime de maneira a reduzir as chances de defesa das vítimas. As investigações apuraram que ele pesquisou, também sobre chacinas cometidas em escolas com o uso de facas e outras armas brancas.
No ataque, duas educadoras e três crianças morreram, e uma quarta criança foi gravemente ferida, mas sobreviveu, após ser socorrida e levada ao hospital. O que levou os Promotores de Justiça a denunciar o autor por cinco homicídios e 14 tentativas de homicídio foi a comprovação de que, além das cinco vítimas fatais e do bebê que foi socorrido, ele tentou matar outras 14 mulheres e crianças, que só escaparam do massacre porque ele não conseguiu entrar nas salas em que essas pessoas estavam, mesmo após diversas tentativas de arrombamento de portas e janelas. Ele tentou matá-las, mas as mulheres que cuidavam das salas conseguiram bloquear portas e janelas e uma, inclusive, ficou ferida ao evitar a entrada do assassino por uma janela.
O Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Alexandre Estefani, que também esteve presencialmente na coletiva, afirmou que o Ministério Público atuará no processo de maneira a perseguir uma punição exemplar ao autor dos crimes, pois nada pode justificar um ato tão vil, cruel e covarde contra pessoas indefesas e crianças tão pequenas, com menos de dois anos de idade.
Crime acelera programas institucionais do MPSC de combate a esse tipo de violência
O Procurador-Geral de Justiça, Fernando da Silva Comin, participou de forma remota da coletiva para levar a solidariedade do MPSC às famílias das vítimas e à comuniddade atingida pela tragédia e anunciar as mediadas que estão em fase de implantação para prevenir e combater esse tipo de violência.
Comin anunciou que o Ministério Público catarinense irá conhecer de perto a experiência do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que criou um grupo especial parta investigar e combater os crimes cibernéticos. Outra preocupação do Ministério Público manifestada pelo Procurador-Geral foi com relação ao projeto de alteração do Código de Processo Penal (CPP), que apresenta propostas que tornarão mais restrita a atuação dos Promotores de Justiça no Tribunal do Júri e poderão aumentar a impunidade em crimes como o que abalou Saudades, Santa Catarina e o Brasil.