Skip links

BELÉM: Promotora visita escola como parte do projeto Defesa da Filiação e constata carências

A 7ª promotora de Justiça da Família Maria de Nazaré Abbade Pereira realizou encontro com moradores da comunidade do antigo bairro da Terra Firme, hoje conhecido como bairro Montese, na Associação dos Moradores do Gabriel Pimenta, na última sexta-feira (28), como parte de mais uma etapa do projeto da promotoria: “Defesa da Filiação nas Escolas Públicas de Belém”.

A Associação, onde também funciona a escola de ensino infantil Gabriel Pimenta, faz parte de uma das trinta escolas selecionadas para aplicar o projeto. Local esse onde a promotoria de Familia desenvolveu seu projeto piloto, em 2010.

Durante a palestra, a promotora Maria Abbade explicou a importância da paternidade declarada e o papel do Ministério Público do Estado na ação. Antes, porém, de conversar com os convidados (pais, mães e servidores da associação), a promotora caminhou pelas dependências da escola e constatou o descaso do governo não apenas na manutenção das ruas, como da própria escola.

“A reunião foi proveitosa porque deu para ver o trabalho desenvolvido pela associação e também a participação da comunidade, dos pais; até na manutenção da escola. Considerando que parece que há um pouco de omissão do poder público”, disse a promotora que pontuou, “falta um pouco mais de conscientização da necessidade da presença do pai na criação dos filhos em assumir a responsabilidade. (…) E como escola piloto nós avançamos bastante. Se hoje o projeto existe, foi com muita ajuda do Gabriel Pimenta e da sociedade organizada, que de 2010 pra cá cresceu bastante”.

Abandono

O próprio diretor da escola e presidente da associação dos moradores Gabriel Pimenta, Sidney Marcos Brito de Almeida, revelou que até as áreas ao redor da escola tentaram ser invadidas porque o terreno está há mais de 15 anos abandonado. Sidney diz, “Só não invadiram esse terreno porque temos toda a documentação. No fim, a comunidade sabe que esse terreno é deles”.

O diretor, durante palestra, destacou alguns dos trabalhos que os servidores têm realizado ao longo dos meses. Recentemente, por exemplo, foi constatado que os alunos voltavam para suas casas sem o dever-de-casa para complementar o ensino. Com a ajuda da comunidade e o corpo docente, uma máquina de Xerox foi adquirida, visto que todas as escolas tinham, menos a Gabriel Pimenta, onde existia – e existe – uma demanda grande por parte dos alunos.

Sidney destacou também os planos da associação para arrecadar fundos para a manutenção da escola. “Nosso plano inicial foi estruturar a escola e resgatar a confiança dos pais porque eles [pais] acreditavam que os antigos presidentes não faziam um bom trabalho. (…) Como fizemos esse resgate dos pais, a comunidade tá nos ajudando e nos apoiando, aí podemos tocar o projeto que é terminar esse piso, mas nós temos muitos planos até terminar o mandato”.

Sonhador, o diretor contou outras ideias como a construção de um espaço maior para atender os jovens e ter uma área de lazer na escola. “Construir quatro salas de aula, duas em baixo e duas em cima. O restante seria uma área de lazer, até mesmo para as reuniões da comunidade e para as atividades físicas de crianças e jovens. Assim nós poderíamos fazer nossos eventos”. Eventos esses como os primeiros jogos internos da escola, em 2012, que aconteceu no ginásio da Universidade Rural da Amazônia (Ufra) ou a festa junina que foi realizada em outra escola. Esses deslocamentos custariam tempo – e, consequentemente, dinheiro – por parte dos pais, filhos e organizadores, por isso a necessidade de trazer os eventos para perto de todos, de valorizar a comunidade.

 

Profissionalização

O presidente da associação apresentou um plano bem ousado, no que consiste não apenas trabalhar com os filhos, mas com os pais. “A ideia é fazer planos de capacitação aos pais. (…) Porque não é só trabalhar as crianças, queremos a família. Aqui a gente vai tentar fazer o nosso curso de formação profissionalizante como técnico em manutenção, cabeleireiro para que tenham o seu próprio negócio, mas para isso é preciso ter uma estrutura”.

Apesar da dificuldade em levantar fundos para a escola, o diretor desabafa, “Então é assim, ou a gente faz alguma emenda ou continuamos em busca de parceiros, realizando eventos. (…) Porque quando estiver organizado e o órgão público ver, ele vai ter interesse em ajudar”.

Com a palavra: Os Mestres

O corpo docente da Gabriel Pimenta realizou um breve discurso. Entre lágrimas e risos envergonhados, as professoras viam em seus pupilos a vontade em aprender, bem como a dificuldade que esses tinham (fosse na escola ou em casa, da fome à preguiça). Uma servidora até frizou, “nós enxergamos a força de vontade que eles têm em aprender”.

Há 5 anos educando as crianças da comunidade de Montese, a professora do jardim II, Ester Martins, com os olhos vermelhos e voz embargada faz um pedido, “Peço o apoio dos pais. Porque pode ser o melhor professor do mundo, mas ele não caminha sozinho. Lembrem que o orgulho de vocês, são seus filhos”. Em agosto, ela completa 6 anos como educadora da Gabriel.

 

Para o futuro

No momento, a equipe trabalha para levantar o piso da escola que, em dias de chuva, sofre com a falta de aulas – o que já aconteceu várias vezes. Um passeio está sendo organizado para o Caripi, em Barcarena; as cartelas estão a venda – para a comunidade – e serão dois ônibus. Em Maio, os planos se concentram na “Feijoada Beneficente” e, posteriormente, na festa junina com direito a bingos e comidas típicas.

“A gente sempre procura caminhar com as nossas próprias pernas, mas com a ajuda dos nossos parceiros. Porque sozinho é impossível”, declara Sidney.

 

Texto e fotos: Fernanda Palheta (Graduanda em Jornalismo)
Revisão: Edyr Falcão (Assessoria de Imprensa)

Nosso site utiliza cookies para aprimorar a sua navegação