MP-GO tratará da suspensão das torcidas organizadas com os líderes
Com a decisão judicial de ontem (19/2) que acolheu pedido feito pelo Ministério Público de Goiás, e suspendeu por tempo indeterminado, parcialmente, mas de forma imediata, as atividades de três torcidas organizadas do Estado – Força Jovem Goiás, Esquadrão Vilanovense e Dragões Atleticanos -, uma nova rodada de entendimentos será promovida pelo MP-GO com os líderes das três torcidas afetadas. A reunião será na segunda-feira (25/2) na sede do MP-GO.
A decisão de suspender foi do juiz Eduardo Tavares dos Reis, da 14ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia, que concedeu liminar proposta pelo promotor Goiamilton Antônio Machado, da 70ª Promotoria de Justiça de Goiânia e deve durar enquanto durar o trâmite da ação civil pública. Goiamilton é quem está convocando as três torcidas.
Em razão da decisão judicial, os membros das três torcidas ficarão impedidos de usar vestimentas, faixas, cartazes, bandeiras, instrumentos musicais ou qualquer meio que possam identificá-los em estádios de futebol ou reuniões. Está proibida, inclusive, a combinação de cores, adereços ou artifícios que remetam à torcida, sob pena de proibição da entrada no estádio e perda do material apreendido.
A liminar abrange ainda qualquer ação de torcida organizada vinculada a clubes de outros Estados nos dias de jogos de competição nacional, assim como o acesso de torcedor ao Estádio Serra Dourada com bandeiras, roupas ou instrumentos musicais. Em caso de descumprimento, o juiz fixou multa diária de R$ 1 mil. Ele determinou também que se oficie às Polícias Militar, Civil, Guarda Municipal, Federação Goiana de Futebol, Agência Goiana de Esporte e Lazer para que façam valer a ordem judicial. As entidades ligadas ao futebol terão dez dias para comunicar as federações e agências de esporte dos demais Estados (clique aqui para conferir a íntegra da decisão).
Foco na redução da violência
Para o magistrado, a decisão é importante para a diminuição da violência. Em 2012, ele observou, uma decisão que interrompeu as atividades das torcidas organizadas por 120 dias, entre 20 de abril e 20 de agosto, derrubou as estatísticas relacionadas ao assunto. Nesse período, não houve um único incidente ou ocorrência grave relacionadas às agremiações do Goiás e Vila.
No entanto, assim que a proibição foi encerrada, quatro torcedores – um do Goiás e três do Vila Nova – foram mortos em 25 de agosto. E, no último dia 2 de fevereiro, dois deles foram baleados e um terceiro espancado nas imediações do Serra Dourada. “Fica, em meu entendimento, comprovado que a suspensão das atividades das torcidas organizadas foi realmente benéfica à coletividade, houve redução dos crimes, dando maior relevo ao argumento do Ministério Público e da Polícia Militar que a limitação das atividades reduz a violência”, ponderou.
De acordo com Eduardo Tavares, os relatórios do Comando da Polícia Militar dão conta de um “clima de guerra civil” instalado na capital. O documento noticia o remanejamento do policiamento ordinário dos bairros para 11 terminais de ônibus, 2 praças, 4 parques e diversos corredores três horas antes e três horas depois do horário previsto para o jogo. Com isso, há um aumento de 15% de ocorrências durante esse espaço de tempo. “Há, claramente, uma desproporção entre bens e valores que devem ser protegidos pelo Estado. A continuar da forma atual, há um privilégio desproporcional dos supostos torcedores em detrimento de toda a comunidade”, sublinhou o magistrado. (Postagem e texto de Marília Assunção com informações de Ana Cristina Arruda e Cristina Rosa / Assessoria de Comunicação Social do MP-GO)